DESTILARIA EM TORRINHA

projeto: 2018 | conclusão da obra: 2019 | área construída: 1.660 m²

fotos: andré scarpa e pedro mascaro

localização: torrinha, sp

projeto finalista do prêmio saint-gobain asbea de arquitetura na categoria edifícios industriais

Condicionantes do Projeto:

1 - Linha de Produção

2 - Gravidade

3 - Terreno

 

1-    Linha de Produção

A produção da cachaça, destilado de cana de açúcar, passa por 5 processos básicos, além do plantio e colheita: 1 Moagem; 2 Filtragem; 3 Fermentação; 4 Destilação; 5 Armazenamento.

Essa linha, sequencial, sugere uma construção única, comprida e não muito larga, com setores bem definidos e isolados entre si.

2-    Gravidade:

A produção da cachaça é basicamente a manipulação do liquido proveniente da cana de açúcar. Esse liquido, que é o caldo da cana no início, é processado até se transformar na cachaça a ser engarrafada.

Todo esse caminho do liquido foi resolvido por gravidade, sem o uso de bombas, resultando numa construção em diferentes níveis. Uma grande escadaria, onde cada patamar abriga um setor do processo. No patamar superior um pátio de chegada da cana colhida para moagem e no patamar mais baixo o pátio de saída do produto engarrafado. A construção vai ganhando pé direito à medida que os pisos vão descendo de nível.

3-    Terreno

Com as condicionantes da produção e do escalonamento imposto pela escoamento, a fábrica foi implantada acompanhando a inclinação natural do terreno.

A fábrica fica junto à uma das divisas, otimizando a circulação e liberando a maior parte útil possível para a plantação da cana de açúcar. 

Projeto

O Projeto consiste na definição de uma estrutura para abrigar e organizar a produção da cachaça no interior de São Paulo. Projetamos um grande galpão com 75metros de comprimento, 15metros de largura. Com altura variável de acordo com o desnível do terreno; 6.20m e pé direito de 4m na parte mais baixa, no alto do terreno e 11.30m e pé direito de 8.30m na parte mais alta, na parte baixa do terreno.

Dois pátios foram definidos nas cabeceiras do grande galpão, com desnível de 5m entre eles; o de chegada da cana de açúcar na parte alta do terreno e o de saída da cachaça engarrafada, na parte baixa.

O galpão é uma casca metálica apoiada sobre 2 muros de contenção de concreto. A casca metálica é composta por 15 pórticos distantes 5metros uns dos outros, modulação de 1.25m, com altura variável em sua base e nivelados pela cota mais alta da cobertura, em nível, composta por telha metálica termo acústica em duas águas e calhas nas extremidades laterais. As laterais são fechadas por um brise de chapa metálica ondulada e perfurada, desde a cobertura, mas suspensas do chão, que permitem a circulação do ar e da luz natural de forma controlada.

Os 2 muros são escalonados, acompanhando o desnível do terreno, com 40cm de espessura e dispostos no sentido longitudinal, acompanhando a maior dimensão do galpão. 4 Muros transversais fazem a ligação entre os dois muros laterais longitudinais e definem os 4 desníveis principais da destilaria, modulados de acordo com a altura das escadas, com degraus de 18cm de altura.

Volumes independentes com estrutura de concreto, fechamentos de alvenaria e caixilhos de alumínio acontecem dentro do galpão metálico, e abrigam os setores específicos da produção.

A circulação principal acontece nas extremidades do galpão, de forma perimetral, entre o brise e os volumes de concreto, também acompanhando o desnível do terreno e conformando uma espécie de antecâmara; uma rampa com inclinação de 8% e patamares a cada 10m, e duas escadarias em lados opostos definem esse sistema. Circulações secundarias metálicas, fazem ligações pontuais entre os diferentes setores.